Holanda, a terra de ninguém - Salamaquia

Salamaquia - capítulo 1

Por que a arte "tosca"?

Meu irmão, um dos primeiros críticos deste meu projeto (e um dos únicos, visto que quase ninguém vê este blog) sempre reclamou da do traço grosso e desajustado, dos quadros feitos a mão e tremidos, dos balões disformes e da falta de consistência dos traços das personagens.

No início, eu já tinha falado sobre a minha intenção de sempre fazer as Virgens Kamikazes em pena de madeira. A minha dá um traço espesso, mas eu posso trabalhar com linhas mais finas também. O fator tempo é um fator igualmente influente, porém, obviamente, eu nem começaria a fazer se achasse que essa arte "tosca" depreciasse a minha série.

O primeiro motivo pelo qual eu faço tudo a mão, inclusive os quadros e os balões, é que a minha intenção é evidenciar o processo que o criou. Ou seja, eu quero que as Virgens Kamikazes seja vistas como um fruto de um processo produtivo, não como uma coisa mágica que parece ter surgido do nada. Eu quero que o leitor veja a marca da madeira em atrito com o papel, as tortuosidades resultantes das linhas feitas pela mão, o sinal da gota de nanquim que escorreu acidentalmente pelo bico da pena, a mudança de tom causada pela falta de tinta no final de uma linha.

É aquela velha questão da indústrialização: não é que a obra seja mal feita o mal acabada ou sem profissionalidade, é que nós, uma geração pós-industrialização, estamos acostumados com o teor mágico que  o produto industrializado, produzido em série e em quantidades astronômicas, possui; estranhamos quando existe aquele sinal da mão humana, com todas as suas falhas e virtudes, naquilo que ela quer consumir. As Virgens Kamikazes são uma obra com um teor indicial muito forte, e eu gosto, na medida do possível, expor o processo produtivo; lógico que eu tomei essa decisão com base no arsenal que eu disponho, que é muito limitado; mas eu poderia "corrigir" (fazer quadros e balões "certinhos") no photoshop, eu tenho condições para isso.

Outra coisa que é importante esclarecer, é que eu corrijo aquilo que eu ache que não está certo: eu refiz umas 4 páginas do "No Instituto Max Planck"; também eliminei páginas que achei não condizer com o roteiro e fiz correções com guache branco em certas ocasiões, não é porque eu faço as coisas direto que eu deixo aquilo que eu considere um erro.

Acredito, isso é uma opinião minha, que é interessante o leitor ter essa experiência. Lógico que o que vemos no blog não são os originais: são dados binários expostos no seu monitor, o que logo de cara acaba com a minha "utopia", mas ter uma cópia fotográfica é melhor que nada.

Isso não desmerece os quadrinhos feitos no computador ou que passam pelo computador, apenas estou (até parece que eu sou o primeiro a propor isso numa hq :)) propondo algo diferente para o leitor que está acostumado com Turma da Mônica, mangás, comics, etc. Eu gosto de muitos deles.

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Bônus: