Saga do Peixe-Leão - Prólogo

Sobre "Num encontro de RPG"

Eu não tenho muito a dizer sobre essa hq que eu fiz logo após "São Paulo" (estou colocando a minha produção em ordem cronológica). Quis fazer uma espécie de "revival" de certas coisas da minha infância e adolescência, como as bandas que eu ouvia (a primeira fala da primeira página é o refrão da música "Into the storm", do Blind Guardian) e dos jogos que eu jogava com os amigos da escola (para quem não sabe, Cigam é Magic ao contrário). O principal problema, sobre o qual eu gostaria de estender um pouco mais aqui, é sobre como eu desenrolei o roteiro.

A ideia de a história ser em um encontro de RPG parecia bem redonda na minha cabeça, tão redonda que, adivinhem só, eu comecei a fazê-la sem saber como ela terminaria. Uma dica para quem quer fazer hq, nunca façam isso se a sua proposta é a de fazer uma história nos moldes tradicionais. Se você quer fazer uma espécie de hq dadaísta, então tudo bem! Pode fazer!

Eu realmente não sei de onde surgiu a ideia de um vampiro croata, mas eu acho que tem a ver com a relação que muitas pessoas fazem entre encontros de RPG  e de animes, veja, vampiros são criaturas carimbadas do universo do RPG, principalmente do Magic (que é um card game), mas sempre tive uma admiração pela Croácia e sua super bandeira quadriculada.

A questão da sorte (ele é um "vampiro da sorte") foi um elemento que muitas pessoas que jogam RPG e/ou Magic sempre reclamam quando perdem. No fórum de Magic Ligamagic.com.br, e eu acessei suas páginas de discussões durante alguns anos, sempre rolou aquela frase "Magic é çó çorte" (com cedilha mesmo), e também foi uma maneira de desenrolar o enredo, já que eu estava sem ideias.

A introdução de um novo personagem neste caso serviu para a criação de um problema, que precisa ser resolvido, o que torna "Num encontro de RPG" um dos roteiros mais tradicionais que eu já fiz para as Virgens, no sentido de que o clímax (ajudar alguém a alcançar um objetivo) já é um molde bem estabelecido no mercado. Lógico que ele pode ou não reaparecer em uma história futura, mas sua função acho que é bem clara ao leitor.

Curiosidades:

- Quando uma das meninas perguntam se o vampiro era japonês, eu fiz uma referência aos mangás modernos. Olhos grandes nos mangás não é um complexo japonês por ter olhos puxados, na verdade, eles viram a luz do dia pela primeira vez (oficialmente) com Osamu Tezuka, já falecido, e ele mesmo disse que "copiou" dos desenhos da Disney.

- Anam é mana ao contrário, o tipo de carta fundamental para Magic.

- "Jest" é "sim" em croata, e se lê "Yest".

- "Fella" vem de "fellow", que significa companheiro, camarada.

- A Dalmácia é uma região histórica que hoje faz parte da metade sul da Croácia, não é correto tratar o gentílico "dálmata" como sinônimo de croata.

- Quando o cara que joga Cigam contra o conde Mladen Drakimir I tira 17 Anans seguidas, eu fiz uma referência ao "floodar", verbo do Magic que significa "ter muita mana e pouca carta de criatura, feitiço, etc." No ligamagic eu vi vários posts de jogadores reclamando que só perderam porque floodaram.

Blind Guardian - Into The Storm (álbum "Nightfall in Middle Earth")