Por que os vários nomes?

Quem já leu deve ter notado que as três personagens principais não têm nome fixo, ou seja, em cada história ou o nome não é citado ou o nome é diferente. São personagens que mudam de nome ou várias personagens com aparência idêntica?

Quando as Virgens Kamikazes foram idealizadas pela primeira vez, eu pretendia duas coisas:

1 - fazê-las porto-alegrenses
2 - "homenageá-las" com sobrenomes de políticos corruptos

O clima suburbano do Rio Grande do Sul sempre me encantou. Considero o Brasil um país com uma só nação: os gaúchos. Acredito na identidade nacional gaúcha, mas não acho que o Brasil conseguiu formar uma nação; o gentílico "brasileiro" para mim é apenas uma denominação geopolítica. Depois eu falo mais disso, embora eu recomende um professor de história altamente graduado para falar nesse assunto. Pra mim faz mais sentido um morador de São Paulo falar que é corintiano do que brasileiro, se criar uma identidade nacional for seu objetivo.

Os políticos inicialmente eram: Paulo Maluf, José Sarney e Fernando Collor de Melo.

Antes do processo da criação da primeira hq, eu já havia descartado ambas premissas que eu tinha para as Virgens, pelo motivo de que eu não queria confiná-las em um espaço-tempo (assunto que eu já tratei aqui neste blog) e também, isso é uma opinião minha, não queria confiná-las em um espaço-tempo "interno", ou seja, não queria limitá-las por uma identidade que, de repente, ligasse, por exemplo, "No Instituto Max Planck" a "Vou pra Porto Alegre". Elas não são apenas gaúchas, mas também africanas (eu vou por essa mais tarde), alemãs, britãnicas (essa vou liberar dia 1 de maio), paulistanas ou de lugar nenhum.

Resumindo o processo: eu não tenho a mínima intenção de tentar criar uma identidade nacional brasileira ou então limitar aquilo que as personagens podem ser só por causa de pequenos e, a meu ver, insignificantes símbolos e índices que não acrescentariam em nada na história.

Também acho interessante a relação que as pessoas têm com os nomes: palavras que identificam pessoas. Penso que a relação do leitor muda bastante quando ele lê, e as personagens têm um nome, e então lê outra, em outro contexto mas com as "mesmas personagens", e elas estão com outro nome, isso sem contar nas histórias que o nome não aparece. Isso, para mim, é algo que os quadrinhos podem dar e que outros veículos de arte ou comunicação não.